Não me lembro quando foi a primeira vez que li, mas desde então este tornou-se o meu poema favorito, mesmo nos momentos felizes. Estranho?! Talvez...Mas é fato que ele tem me acompanhado pela vida ...
Transcrevo-o portanto...
" Desencanto"
Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.
Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.
E nestes versos de angústia rouca,
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.
- Eu faço versos como quem morre.
(Manuel Bandeira / 1912)
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